terça-feira, 15 de abril de 2008

Valeu Peixe!

Prezado Peixe,

Sei que muita gente não te entendeu. Eles recordam dos últimos anos quando os teus gols quedaram raros, finitos. Quando você se tornou aparentemente dispensável, supérfluo.

Mas, a imensa maioria dos brasileiros te lembra em 1994. Quando a nossa esperança era você e mais dez.

O Brasil era um lugar soturno. A inflação e a corrupção velaram uma geração de brasileiros. Numa curva de Ímola, Senna, nossa única alegria aos domingos, se imortalizara.

O Brasil era um país de luto.

Não tinhamos dinheiro no bolso. O futebol era uma coleção de fracassos. A gente tinha incorporado novamente nossa alma viralata.

Alguém lembrou 1993. O Maracanã lotado. Você chegando calado. Entrando em campo sério. Detonando o Uruguai com a autoridade dos craques.

O Maracanã chorou de alegria. Lembrou de Zizinho, de Garrincha, de Zico. Lembrou do gol.

O Barcelona e o PSV te idolatravam. Mas a gente tinha te esquecido. Ingratos.

Você nos presenteou com a esperança. O presente mais belo que pode ser ofertado na vida e no futebol.

E lá foi você, Baixinho, ser Peixe na Copa.

Rússia, Camarões e Suécia. Um gol cada. Um toque. A rede balançando de mansinho. Feliz na terra do soccer.

O país queria acreditar, diria mais. O país precisava acreditar. Em Romário. No Real.

Holanda. Eles nos atacaram e você decretou seu fim em um novo Guararapes. Nosso Antonio Felipe Camarão, desculpe, Antonio Felipe Peixe!

Quando Branco chutou aquela bola, você foi craque! Você foi craque até sem tocar na bola.

Vinte e oito anos e campeão do mundo, Peixe. Marcando gol de cabeça nos gigantes suecos. Como o Rei.

O que seria do Brasil de 94 sem você?

Um peixe fora d'água.

Sei que muita gente não te entendeu. Eles recordam dos últimos anos quando os teus gols quedaram raros, finitos. Quando você se tornou aparentemente dispensável, supérfluo.

Mas, a imensa maioria dos brasileiros te lembra em 1994. Quando a nossa esperança era você e mais dez.

Romário das onze camisas.

Romário dos 1002 gols. Romário que teria vaga em qualquer seleção brasileira de todos os tempos.

Agora que você deixa os campos e desfila nas enciclopédias do futebol.

Só nos resta dizer humildemente:

Obrigado, Peixe!

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