quinta-feira, 5 de junho de 2008

Boca Jrs. muito prazer, Fluminense

Noite gostosa do inverno carioca, jogo de uma única torcida, bandeirões, gritos contagiantes, vendedores vendendo até gol nos acrécimos e muita, muita festa em verde, branco e grená.

Passavam das oito da noite quando subi a rampa principal de acesso para as arquibancadas verdes e amarelas. Claro que fui do lado esquerdo das cabines de rádio, bem ali atrás do gol do Boca na segunda etapa.

Do outro lado, e nas cadeiras, tudo lotado também, porém cheio de torcedores de final. São aqueles mesmos que só vão nas finais, semis, ou jogos imperdivéis como de ontem a noite. Essa massa não canta, eles gritam. Gritos estéricos, de nervosismo, são aqueles torcedores doentes que quando temos a bola gritam "vai,vai,vai" e quando perdemos a posse de bola ficam naquele desespero de "aaaaaaiiii, uuuuuuu".

Claro que todos são muito bem vindos, afinal na hora de gritar Nense, são 80 mil vozes cantando a mesma coisa.

Achei um lugarzinho no meio da muvucada Legião Tricolor, fundada pelo neto do mais fanático tricolor de todos os tempos, nosso saudoso escritor, poeta, mente pensante, Nelson Rodrigues. Uma torcida organizada diferente, sem bandeirões, sem gritos de "guerra", sem violência, todos são bem vindos, desde que cantem até o último minuto, essa é a única regra.

A poucos degraus mais ao alto, vi jovens tricolores, os quais estavam na barriga de suas mães, quando o Renato fazia o nosso gol de barriga. Uma geração nova, sortuda, que já viu o trigéssimo título estadual, uma Copa do Brasil e agora a final de uma Libertadores. Bem ao meu lado, uma figura mais velha, relembrando o tempo da máquina do Horta, dos gols do carrasco Assis(esses eu me lembro também).
Ao redor cabelos ao vento, perfumes gostosos, anéis, colares, batom e salto alto. Me pergunto o que tem o Fluminense para ser o time preferido das mulheres cariocas. Meninas mulheres, acompanhadas ou não, pois se o namorado é flamenguista, fica em casa vendo televisão, porque no Mário Filho só vai quem é tricolor. Elas cantam, balançam bandeiras, jogam pó de arroz e até queimam sinalizadores. De onde vem essa euforia feminista em ser Tricolor? Não sei, e nem preciso saber, desde que elas estejam lá no próximo jogo.

Ah! O jogo. Confesso que os primeiros quase 10 minutos nada vi, pois uma nuvem branca cubria as arquibancadas do Maracanã. Quando meus olhos puderam enxergar, vi uma das cenas mais lindas da história deste estádio, do outro lado da arquibancada, torcedores escreveram FLUZAO com sinalizadores, deixando o espetáculo ainda mais contagiante.

O Boca joga muito, os Argentinos se multiplicam em campo, se transformam em centenas, e assim foi todo o primeiro tempo, chute pro alto, que é jogo de campeonato.

Intervalo tenso, todos se perguntando se daria pra segurar mais 45 minutos, pois 0 a 0 estaríamos na final.

Palermo aparece querendo estragar a festa, gol do Boca. Gol sempre é bom para o jogo, futebol é isso, tem que ter gol, não interessa para que lado. No mesmo minuto que o Fluminense levou o gol a massa apaixonada passou a cantar, gritar, torcer, como não havia feito nos primeiros 45 minutos. Se a Legião Tricolor é para cantar na vitória ou na derrota, foi o que fizemos.

Era hora de usar a nossa arma secreta. Vem Dodô, você é o cara, disse Renato, entra ai e acaba com o jogo, é só por isso que te guardo aqui, pois é nossa única arma do segundo tempo.

Lá vem Dodô, passa por um, dois, três, falta. Opa! Tá na hora de João de Deus. 80 mil vozes orando pela benção do nosso eterno Papa João Paulo II, o João de Deus. Gol, empatamos, obrigado João.

O show estava só começando, assim cantavam fanáticos, doentes, apaixonados tricolores, do céu, da terra, de marte talvez.

O mais antigo tricolor rival do Boca Jrs. não poderia ir para casa sem o seu golzinho, aquele assim, devagarinho, quase sem querer, só para doer mais um pouquinho na torcida hermana. Valeu Conca, pela sua garra e determinação.

Ufa! 2 a 1, agora é só segurar. Segurar? Este é o problema, como que segura um Boca Jrs. completo numa semi-final de Libertadores. São Paulinos, Palmeirenses, Corinthianos, Gremistas, Colorados e Cruzeirenses já tentaram, e o resultado foi a eliminação. Eu também não sei como segurar o Boca, mas que Thiago Silva, Luis Alberto e Fernando Henrique calaram o Boca isso ninguém dúvida.

o gol do artilheiro dos golaços veio para fechar o espetáculo, apresentar para a Argentina e toda América do Sul, quem é o time carioca, lá de Laranjeiras, das cores verde, branco e grená, que time é esse que leva sozinho 80 mil pessoas ao Maracanã e pela primeira vez chega a uma final de Libertadores.

Esse, Sr. Riquelme e aliados, é o Fluminense. Muito Prazer.

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