sexta-feira, 6 de junho de 2008

O Cafajeste

Eu sou um cafajeste. Mesmo sendo bom filho, bom marido e bom funcionário, sou um déspota. Um verdadeiro filho da puta. Também pudera. Aos dez minutos do segundo tempo, na final épica de Yokohama, jurei à Deus que se o Inter, por mais ridículo e improvável que fosse, ganhasse do Barcelona, mesmo que fosse nos pênaltis, eu tatuaria no braço direito a frase " Colorados das Glórias" ( com a primeira letra o sendo o escudo do clube), e no braço esquerdo " Orgulho do Brasil". Fui atendido. Deus está do lado de quem vence. Por minha causa o Internacional derrotou o invencível. Imagino aqui sentado quantas pessoas não fizeram o mesmo na fatídica noite de quarta- feira. Realmente o céu ontem deve ter tido tráfego de promessas. Afinal era o carrasco dos carrascos. Afinal era uma batalha contra o imbatível Boca. Afinal até o eterno Sobrenatural de Almeida apareceu no segundo tempo, nos pés do filho criado pelo o maior algoz, que teve numa terra distante o doce e frio sabor de vingança perfumar as suas entranhas. Geraldinos e arquibaldos transfomados num coral regidos por Onze maestros, não tão afinados quanto os outros, mas tiveram como fadário o mais entorpecente triunfo . Aliás foi possível avistar até o próprio criador da imortal expressão, sentado nas tribunas fumando seu cigarro perguntando para seu neto quem havia feito os tentos. Até Nelson estava lá fazendo promessas. É verdade que não vi o jogo. Como um grande cafajeste, minha inveja ludibriou tanto minha alma que dormi. Minha inveja de ver outra legião repetir o feito de meu esquadrão, não me permitiria assistir. Minha inveja de pensar que milhões estariam fazendo promessas utópicas para um possível totalmente realizável, e que se realizou. Minha inveja de ver alguém chegar onde outrora cheguei, e saber que dessa vez sou apenas um coadjuvante assistindo espetáculo. E pior de tudo: por minha culpa. Pelo grande filho da puta que que sou. A culpa da inveja que me corrói, é simples e puramente por culpa inteiramente minha: Eu não tatuei ainda meus braços ainda. E nem sei se vou tatuar. Deu no que deu. Não ganhamos mais nenhum título que preste. Que sirva de exemplo para os milhões de tricolores que estão em dívida com Ele.

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